Semghar

de Nabil Baly Othmani

Olha a cor da minha pele
Saberá a cor do meu sonho/
Eu fui lá fiz a colheita o senhor de engenho era o dono/
Nessa plantação de algodão equivalente a tesouro/
Meu sangue escorre no chão ele tem peso de ouro/
Eis minha carta de alforria nas maratona corria/

Um postar queniano virei herói pro meus manos/
Abdul salaam no isla paoco la nas mesquita/
Cocaína em meio as brita só mais um neguim que trafica
Me senti em new orleans bairro de preto como a casa verde
Como o peruche role no centro mais um imigrante lá no glicério/
Sou igual/a mingua/nossa língua e zulu imperceptível e nulo

Causando medo no escuro/
Oceano ouviu meu clamor/ coração
E tipo um tambor/ meu olhar mano e um corte
Tragando um marlboro sem sorte/sou samba barracos
Ou melhor eu sou uma banda/sou canto favela/o bandido mal da novela

Sou preto/
Prenda me ou liberte me
Sou preto/mate me não me cansareis
Sou preto/mostre suas chibatas mostre bem suas caras
Sou preto sou preto sou preto
Punho fechado/alma gelada/agoniado/assassinado

Sou mais um neguim andando na nóia/
Sua educação me enoja escola/
Sou mais um neguim na fila de um trampo/
Que o selecionador ignora/
Sou aquele lá na fila do banco que o segurança vê se apavora/
Ou aquele que ce tampa o nariz e implora quando ve a pistola/
Preto com dinheiro que você suga e suga e suga/
Sou réu de me a culpa e veja me fazer plaw sem desculpa/
Doze mês de veneno/assim desde pequeno/
Ce quer tomar meu destaque ne/enfim chegou fevereiro

Sou preto/prenda me ou liberte me
Sou preto/mate me não me cansareis
Sou preto/mostre suas chibatas mostre bem suas caras
Sou preto sou preto sou preto
Entre confetes e serpentina e o gatilho mal que traz dor
E horror e assassina...sou preto

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