Conto Até Dez

de Luiz Ayrao

Hoje eu conto até dez
Pra não errar onde errei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Mas hoje

Hoje eu conto até dez
Pra não errar onde errei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Um, eu era um, sem amor e sem prazer nenhum
Dois, eu virei dois, quando a encontrei depois
Três, viramos três e quatro
Quando crianças enfeitaram nosso quarto
Mas cinco já era demais
Era um rival pra perturbar a minha paz

Por isso hoje

Hoje eu conto até dez
Pra não errar onde errei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Hoje eu conto até dez
Pra não errar onde errei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Seis, seis vezes disparei
Onde foi que eu atingi, nem sei
Sete, sete jurados com razão
Me condenaram a oito longos anos de prisão
Nove, nove anos se passaram do revés
Que me deu a experiência
Que amor não vale a penitência

E hoje eu conto até dez
Pra não errar onde errei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Hoje eu conto até dez
Pra não errar onde errei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei
Um, dois, três, quatro, cinco, seis
Sete, oito, nove, no dez já me acalmei

Um, dois, três, quatro, cinco, seis

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