Dos Gardénias

de Cristina Branco

Só te conto da pequena guerra
Das saudades que tenho da terra
Ontem pensei que não te via mais
Eu que nem sei rezar, rezei

Nem te conto da noite passada
O céu gemia numa trovoada
E eu franzino que já nem caibo na farda
Um burro de albarda larga

Conte-me dos vivos para me distrair
Conta-me dos vivos para me distrair

Meu amor dormi numa trincheira
Pé à chuva como uma videira
E até sonhei que já me tinhas esquecido
Eu que nem sei sonhar, sonhei

Ninguém me diz quando isto acaba
Teus pais merecem ver-te bem casada
Um bom homem com trabalho e uma enxada
Será melhor que alma penada

Conte-me dos vivos para me distrair
Conte-me dos vivos para me distrair
Conte. Me dos vivos para me distrair
Vá, conta-me dos vivos

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