O quarto (fado Pagem)

de Carminho

Às vezes há uma voz que se levanta
Mais alta do que o Mundo e do que nós
E faz chover-me os olhos, quando canta
Num pranto que emudece a minha voz

Afunda-me os sentidos e o tempo
Ao ponto mais distante do que sou
E abraça aquele lugar que, tão cinzento,
Se esconde sob a névoa que ficou

E grita-mo no peito quando sente
Chegar a face triste de um amor
Mais alta do que o mundo e do que a gente
A voz já não é voz chama-se dor.

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