Em Mente

de Belchior

Quando eu não tinha o olhar lacrimoso
Que hoje eu trago e tenho
Quando adoçava meu pranto e meu sono
No bagaço de cana do engenho
Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus
Fazendo eu mesmo o meu caminho
Por entre as fileiras do milho verde
Que ondeia, com saudade do verde marinho

Eu era alegre como um rio
Um bicho, um bando de pardais
Como um galo, quando havia
Quando havia galos, noites e quintais
Mas veio o tempo negro e, à força, fez comigo
O mal que a força sempre faz
Não sou feliz, mas não sou mudo
Hoje eu canto muito mais

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